51 é Verde. Pra sempre Palmeiras!


Para escrever sobre a Taça Rio de 1951, é necessário voltar um ano, mas não precisa mudar o local. 100 mil pessoas a mais e a mais profunda dor que o Brasil teve numa Copa. Alcides Ghiggia foi o autor do gol de desempate que deu ao Uruguai o título mundial. O Maracanã nunca ficara tão triste, tão calado, abalado pelo vice. Maracanazo. O Brasil precisava de um "abraço", aí entra o Palmeiras na história, que desde então já tinha história para contar.

A CBD - entenda-se como CBF, atualmente - buscou junto a FIFA uma maneira de organizar um torneio de âmbito mundial. Reunir os clubes mais fortes do planeta no país que já petecava tão bem a bola e já despontava para o mundo após o vice da última Copa. Tinha tudo para dar certo, mesmo com algumas dificuldades, como por exemplo não existir um campeonato nacional para decidir quem representaria o Brasil naquele torneio.

Ficou então decidido que, pela força dos campeonatos Carioca e Paulista, Vasco e Palmeiras, respectivamente representariam o Brasil na Taça Rio, nome em alusão à organização feita pela própria prefeitura do estado.

Após diversos problemas políticos, alguns países não embarcaram em solo brasileiro e por fim, Áustria Viena, da Áustria, Nacional, do Uruguai, Sporting, de Portugal e Vasco formaram o grupo A; Estrela Vermelha da então Iugoslávia, Juventus, da Itália, Nice, da França e o Palmeiras fecharam os clubes que buscavam o primeiro campeonato mundial de clubes com Maracanã e Pacaembu como sedes das partidas.

No grupo A, Vasco e Áustria Viena se classificaram e no grupo B (teoricamente mais difícil), a Juventus se classificou junto ao Palmeiras e as semifinais ficariam destinadas ao confronto entre dois clubes brasileiros de um lado e dois estrangeiros do outro.

Juventus se classificou após uma vitória e um empate (3x0 e 0x0) contra a equipe do Áustria Viena. O Palmeiras suou e fechou a meta para passar da equipe vascaína (2x1 e 0x0), que da qual era a favorita a chegar à final da Taça Rio.

A final colocava frente a frente Juventus e Palmeiras, que na fase de grupos, após Ventura Cambon poupar titulares contra a equipe italiana, culminou numa surra de 4x0. Este jogou levou a perda da titularidade de Oberdan, que mesmo defendendo um penal, foi para o banco, dando a chance para Fábio Grippa atuar.

Oberdan era gigante até nas desavenças. Não seria redundante, não pensa só em si, pensou pelo Palmeiras. Treinou Grippa e o deixou preparado para os jogos decisivos da competição. Alma e coração palestrina ele tinha. Sempre teve e o goleiro do Verde não decepcionou mesmo estando no banco.


Dados da final da Taça Rio. Retirado do livro Palmeiras, 100 Anos de Academia.

O Maracanã, após um ano e uma semana (e dor maior que um parto) da decisão da Copa de 50, sediava uma final de caráter mundial. Não era Juventus x Palmeiras. Era Juventus x Brasil. O Palmeiras abraçou o Brasil que fez o mesmo quando o Verde deixou de ser Palestra para se transformar em Palmeiras, em 1942.


O Maracanã se traduzia de gritos de BRASIL! Não era apenas o Palmeiras na história. Não viraria estória. Todos sabiam que ali, o Verde poderia estancar o sangramento que um selecionado uruguaio, que longe de ser odiado, mas que não foi tão amado naquele dia abriria no coração do mais frio coração brasileiro.

O Palmeiras queria usar a camisa do Brasil. A FIFA proibiu. Mas não precisava de camisa vestida para destacar que junto com a alma palestrina, havia convicção brasileira naquele gramado. Sempre teve, na verdade. Bordado, então próximo ao emblema palmeirense a bandeira do país que seria mais pra frente o maior vencedor das Copas.

A primeira partida foi duríssima e Rodrigues fez o tento que anunciava o fim do tormento que estava tal jogo. O Palmeiras vencera por 1x0 a Juve no mesmo Maracanã que sediaria a segunda partida daquela final também.



Fábio; Salvador e Juvenal; Túlio, Dema e Villa; Ponce de León, Lima, Jair Rosa Pinto, Rodrigues e Liminha. Este foi o Palmeiras contra a Juventus de Viola; Mari, Bertuceli e Manente; Parola e Bizzoto; Mucinelli, Karl Hansen, Boniperti, Johan Hansen e Praest no segundo (e terceiro no total) entre ambos.

Aos 18 minutos, a defesa até então perdida do Palmeiras acusava o golpe do nervosismo e Praest abriu o placar para a Juventus. Tensão. Grippa não estava indo bem. Na segunda etapa, Ventura Cambon colocou Canhotinho na partida e ele aprontou com diversas jogadas de ataque. Enfim, o empate; assistência de quem veio do banco para Lima chutar na trave e Rodrigues para "rebotear" os mais de 100 mil corações brasileiros para dentro daquele gol. O título viria com este gol, mas a Juventus não desistia e Fábio, após chute de Mucinelli, soltou nos pés de K. Hansen para deixar a equipe italiana à frente do placar.

O Palmeiras atacava mais, mas errava demais. Tantos erros que ficava o pensamento que não daria mais jeito até que, aos 32 minutos do segundo tempo, Liminha e Canhotinho entraram com bola e tudo, como os corações que entraram no primeiro gol, apertados, sofridos no gol defendido por Viola. Não tinha mais como não entrar. Era pelos 100 mil presentes; pelos 205 mil, em 50; pelo Palmeiras e Brasil que com este empate, o Verde sagrou-se campeão da Taça Rio de 51.

Desde 51 o mundo é do Palmeiras. Desde 1914 é do palestrino. Desde sempre foi nosso. Até pra quem não viu, mas viveu sem ter vivido. É nosso.
O mundo é Verde. Créditos na imagem.

Aqueles que honraram o clube do Verde há 65 anos, já não estão mais entre a gente. Mas são gente como a gente. E gente palmeirense não se esquece.

O primeiro campeão do mundo tem nome, é o Palmeiras. Eu não discuto. Não preciso. Não precisava a FIFA reconhecer, bastou um milhão de pessoas nas ruas para festejar, um Maracanã a pulsar com a primeira conquista deste nível de um clube que jamais baixou o nível pra ninguém.

51 vive.
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Autor: Thiago

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